quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

"Você vai rir se lhe disser
que estou cheio de flor e passarinho...
Que nada do que amei na vida se acabou:
e mal consigo andar tanto isso pesa."


Ferreira Gullar

domingo, 26 de dezembro de 2010

'...


uma história sobre amores eternos,
sobre amores curtos.
Sobre alegrias pequenas e grandes.
Um rosto é uma história sobre as pessoas que fomos,
sobre as pessoas que queremos ser…
sobre caminhos…
sobre encontros…
Um rosto é uma história sobre

espelhos que nos viram


Um rosto...
é uma história escrita pelo tempo...'

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

'Procuro sinais de algum amor teu. Vestígios de noites passadas. Tu não me vês, estou incógnita a te observar. Como sempre estive, olhando pelas janelas, de longe, coração apertado. Nós poderíamos ser amigos e trocar confidências. Assistiríamos a filmes, taça de vinho nas mãos, e tu me detalharias as tuas paixões e desatinos. Nós poderíamos ser amantes que bebem champanhe pela manhã aos beijos num hotel em Paris. Caminharíamos pela beira do Sena, e eu te olharia atenta, numa tentativa indisfarçável de gravar o momento e guardá-lo comigo até o fim dos meus dias. Ou poderíamos ser apenas o que somos, duas pessoas com uma ligação estranha, sutilezas e asperezas subentendidas, possibilidades de surpresas boas. Ou não. Difícil saber. Bato minhas asas em retirada. Tu dormes, e nos teus sonhos mais secretos, não posso entrar. Embora queira. À distância, permaneço te contemplando. E me pergunto se, quem sabe um dia, na hora certa, nosso encontro pode acontecer inteiro. Porque tu és o único que habita a minha solidão.'

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

"Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prêmio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem de minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do Zodíaco."

[Grande Gabriel García Márquez ... ]



 

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

'E é tão teu
Meu coração
Aflito e manso...'
'O que me compõe é tudo o que minha alma já viveu.
É tudo o que meu corpo já sentiu.
É o que eu me lembro, sonho, sinto:
Amores, dores... Medos, vícios.
É o que eu crio para mim
E o que eu tiro... Desmorono...
E o que fica é só o verdadeiro:
Componho-me.
O que me habita é tudo o que eu consinto.
Tudo que é intrínseco, eu convivo.
Todos os “eus” me habitam
E todos eles gritam...
Fugas, fogueiras, fuzuês...
Habitam-me todos os sexos...
Crenças, cores, quereres...
E eu não fujo:
Habito-me.
O que eu conheço é o que eu busco
E eu busco só o total...
O que toca fundo, o que tem sentido.
Meio termo, meio passo, meio vivo;
O meio me faz mal.
Quem não se conhece aceita qualquer coisa...
Não conheço o caminho,... Mas hei de seguir...
Não sei do mundo, mas sei de mim:
Conheço-me.
O que eu permito é tudo que me eleva
Se não engrandece, não me acrescenta: desce!
A luz e a sombra me somam, me mostram, me são.
Sou o doce e o veneno, não há o que escolher...
Verso e inverso, yin-yang, eu me completo.
Não me tiro:
Permito-me.
Tudo que minha alma já viveu me compõe
E o que me compõe habita em mim
E o que habita em mim, eu conheço
E o que eu conheço eu permito
E o que eu permito, é.
Eu Sou.
Permito-me!'