segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Eu conto que é bonita...

... a maneira como o vidro da janela deixa a manhã entrar em meu quarto. Seguro o sol com meus olhos e faço silêncio para ouvir os afetos delicados despertando. O agosto vai passando com sua violência hostil e tudo o que me importa é a poesia.
O que tem me atraído é a vontade bizarra de passar o dia inteiro tomando sorvetes e escrevendo todas as paixões. Por nada e qualquer coisa. Eu me observo e gosto de brincar com as cores no espelho. Encho o corredor da casa com meus bons dias, esqueço alguns sonhos na mesa e abro as portas sorrindo, sempre com um fiapo de amor entre os dentes.
Pelas ruas, entre passos apressados, um vento frio faz estremecer algumas certezas. Esqueço-as. Espalham-se todas pelo bosque onde passo sem nem notar. Já não amo ninguém. A escrita permanece atravessada. Minha língua guarda promessas e alguns planos. Guarda palavras ensaiadas para serem entregues a alguém que nem desconfia. Guarda um potinho de ilusões que espalham um gosto de estrela no céu da boca. É o que me faz sorrir.
Ontem falei de saudades e um cisco nos olhos foi a desculpa para a neblina. Todo o brilho coube no vermelho das pedrinhas desses brincos, flores pequenas que fazem meu rosto querer submergir em meio a um par de olhos escuros sobre os quais escreveria por mera distração. Ou atenção demasiada. Um quintal, um jardim. Par de olhos esses que às vezes se escondem e brincam com o castanho que guardo, pedindo-lhe para que os encontre.
Não me explico, optei por sentir. É como quando as duas mãozinhas delicadas da minha outra menina, pequena, desenham minha face: tudo fica doce. E também diria ainda das cartas que me esperam na cama, uma vez por mês, pintadas de carinhos que saltam tão logo os envelopes são abertos. Minha letra diminuta demora, emudece, e depois responde, apertada, que é para amarrar as coisas mais lindas e remetê-las todas de um jeito muito leve.
Quando me perguntam o porquê das tardes de repente ficarem tão amarelas, eu finjo nem saber, mas desconfio. Sinto logo as amoras estalando em meus dentes, vejo o céu descabelando as nuvens e a felicidade me desarrumando inteira. Efeitos que componho enquanto tento equalizar o silêncio, carícia mais suave.
Em meio a uma imensidão de desejos embaralhados, separo uma história. A da poesia que derramou-se em meu vestido quando o amor adormeceu em meus ombros.
Eu venho por um motivo. Esse, que me alarga os lábios enquanto dá voltinhas alegres em minha boca.

'Ele gostava quando ela dizia: sabe, nunca tive um papo com outro cara assim que nem tenho com você. Ela gostava quando ele dizia gozado, você parece uma pessoa que eu conheço há muito tempo. E de quando ele falava calma, você tá tensa, vem cá, e a abraçava e a fazia deitar a cabeça no ombro dele para olhar longe, no horizonte do mar, até que tudo passasse, e tudo passava assim desse jeito. Ele gostava tanto quando ela passava as mãos nos cabelos da nuca dele, aqueles meio crespos, e dizia bobo, você não passa de um menino bobo...'

Caio Fernando Abreu, sempre.

Metal Contra As Nuvens

I

Não sou escravo de ninguém
Ninguém, senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E, por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz.


Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais.

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.

Reconheço meu pesar
Quando tudo é traição,
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.

Minha terra é a terra que é minha
E sempre será
Minha terra tem a lua, tem estrelas
E sempre terá.


II

Quase acreditei na sua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa.

Quase acreditei, quase acreditei

E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo
Mas vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo.

Olha o sopro do dragão...


III

É a verdade o que assombra
O descaso que condena,
A estupidez, o que destrói

Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais
Tenho os sentidos já dormentes,
O corpo quer, a alma entende.


Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos.

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.

Não me entrego sem lutar
Tenho, ainda, coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então.


IV

- Tudo passa, tudo passará...

E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.

E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos.
O mundo começa agora
Apenas começamos.


[LEGIÃO URBANA]

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Eu procuro sinais teus. Na verdade eu procuro a sensibilidade do menino de dentro de ti e não encontro mais. Lembra da voz macia e das brincadeiras? Dos pequenos presentes e pores-do-sol juntos? Lembra dos almoços, com a comida preferida? Da surpresa de um sorriso no meio do dia, de uma frase não esperada e dita? Sua sensibilidade me abraçava todos os dias. Ora, como mostrar isso pro meu coração e fazer ele entender que o menino na verdade não a tinha, ou a tinha e a perdeu!?


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

SINTAXE À VONTADE


Sem horas e sem dores
Respeitável público pagão
a partir de sempre
toda cura pertence a nós
toda resposta e dúvida
todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
todo verbo é livre para ser direto ou indireto
nenhum predicado será prejudicado
nem tampouco a vírgula, nem a crase nem a frase e ponto final!
afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas
e estar entre vírgulas é aposto
e eu aposto o oposto que vou cativar a todos
sendo apenas um sujeito simples
um sujeito e sua oração
sua pressa e sua prece
que a regência da paz sirva a todos nós... cegos ou não
que enxerguemos o fato
de termos acessórios para nossa oração
separados ou adjuntos, nominais ou não
façamos parte do contexto da crônica
e de todas as capas de edição especial
sejamos também o anúncio da contra-capa
mas ser a capa e ser contra-capa
é a beleza da contradição
é negar a si mesmo
e negar a si mesmo
é muitas vezes, encontrar-se com Deus
com o teu Deus
Sem horas e sem dores
Que nesse encontro que acontece agora
cada um possa se encontrar no outro
até porque...

tem horas que a gente se pergunta...
por que é que não se junta
tudo numa coisa só?
 
[FERNANDO ANITELLI]
 

 

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

'Sou louco porque vivo em um mundo que não  merece minha lucidez'

[Bob Marley]




'A gente tem que passar o lado bom, mesmo que ele só exista na nossa mente.' [Didio Lee]

domingo, 12 de setembro de 2010

“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”

[Amyr Klink]

(E nós viajamos sempre à procura desse pôr-do-sol, pra ver o céu mudar de cor...)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Eu conto que é bonita a maneira como o vidro da janela deixa a manhã entrar em meu quarto. Seguro o sol com meus olhos e faço silêncio para ouvir os afetos delicados despertando. O agosto vai passando com sua violência hostil e tudo o que me importa é a poesia.

O que tem me atraído é a vontade bizarra de passar o dia inteiro tomando sorvetes e escrevendo todas as paixões. Por nada e qualquer coisa. Eu me observo e gosto de brincar com as cores no espelho. Encho o corredor da casa com meus bom dias, esqueço alguns sonhos na mesa e abro as portas sorrindo, sempre com um fiapo de amor entre os dentes.

Pelas ruas, entre passos apressados, um vento frio faz estremecer algumas certezas. Esqueço-as. Espalham-se todas pelo bosque onde passo sem nem notar. Já não amo ninguém. A escrita permanece atravessada. Minha língua guarda promessas e alguns planos. Guarda palavras ensaiadas para serem entregues a alguém que nem desconfia. Guarda um potinho de ilusões que espalham um gosto de estrela no céu da boca. É o que me faz sorrir.

Ontem falei de saudades e um cisco nos olhos foi a desculpa para a neblina. Todo o brilho coube no vermelho das pedrinhas desses brincos, flores pequenas que fazem meu rosto querer submergir em meio a um par de olhos escuros sobre os quais escreveria por mera distração. Ou atenção demasiada. Um quintal, um jardim. Par de olhos esses que às vezes se escondem e brincam com o castanho que guardo, pedindo-lhe para que os encontre.

Não me explico, optei por sentir. É como quando as duas mãozinhas delicadas da minha outra menina, pequena, desenham minha face: tudo fica doce. E também diria ainda das cartas que me esperam na cama, uma vez por mês, pintadas de carinhos que saltam tão logo os envelopes são abertos. Minha letra diminuta demora, emudece, e depois responde, apertada, que é para amarrar as coisas mais lindas e remetê-las todas de um jeito muito leve.

Quando me perguntam o porquê das tardes de repente ficarem tão amarelas, eu finjo nem saber, mas desconfio. Sinto logo as amoras estalando em meus dentes, vejo o céu descabelando as nuvens e a felicidade me desarrumando inteira. Efeitos que componho enquanto tento equalizar o silêncio, carícia mais suave.

Em meio a uma imensidão de desejos embaralhados, separo uma história. A da poesia que derramou-se em meu vestido quando o amor adormeceu em meus ombros. Eu venho por um motivo. Esse, que me alarga os lábios enquanto dá voltinhas alegres em minha boca.

[Jaya Magalhães]



'BONS VENTOS PARA NÓS PARA ASSIM SEMPRE SOPRAR SOBRE NÓS...'

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

'O que a memória amou, fica pra sempre...'


Pra você, Vanessa.
E porque elas se vão assim, tão fácil? É, elas, essas coisas que não tem nomes, sabe?... E porque a gente tem que aprender sempre tudo de novo? Porque tem de ficar pra trás? Guardamos dentro, bem lá dentro e quando queremos lembrar de novo, estará sempre ali... É isso?
Hoje eu senti falta de você, senti falta da gente, quando brincávamos de menino e corríamos pelas ruas. As bicicletas, as disparadas a cavalo, brincadeira na cidade pequena. Sorrio aqui comigo, agora, junto do aconchego do meu bem querer por você pelos nossos anos de amor sincero. Sim, por que somos juntas, somos desde os sete anos de idade, em que você era uma menininha malvada e frágil, mimada e gananciosa, sofrida também, embora escondesse todo esse sentimento com você muitas vezes, cresceu, pintou os cabelos e as unhas de vermelho, chocou a vizinhança,  mas espantou todo mundo com grande personalidade. Hoje, tanto tempo depois, teus olhinhos de cristais, como eu costumo dizer carinhosamente, brilham numa linda alma de borboleta, com toda tua falta de delicadeza às vezes, mas borboleta que mesmo longe, voa sempre dentro de mim.
Na Índia, são ensinadas as "quatro leis da espiritualidade":

A primeira lei diz: "A pessoa que vem é sempre a pessoa certa".

Ninguém entra em nossas vidas por acaso. Todas as pessoas ao nosso redor, interagindo com a gente, têm algo para nos ensinar e colaboram no avanço de cada situação.

A segunda lei diz: "Aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido".

Nada, nada absolutamente nada, do que acontece em nossas vidas poderia ter sido de outra forma. Mesmo o menor detalhe. Não há nenhuma outra opção. O que aconteceu foi tudo o que poderia ter acontecido, para aprendermos uma lição e seguirmos em frente. Todas, e cada uma das situações que acontecem em nossas vidas, são absolutamente perfeitas.

A terceira lei diz: "Toda vez que você tomar uma decisão, será sempre o momento certo".

Tudo só começa na hora certa, nem antes, nem depois. Somente quando estivermos prontos para iniciar algo novo em nossas vidas, é que as coisas acontecerão.

A quarta lei diz: "Quando algo termina, é porque foi concluído".

Simplesmente assim. Se algo acabou em nossas vidas é para a nossa evolução. Por isso, é melhor soltar, seguir em frente enriquecido pela experiência. Não é por acaso que estamos lendo este texto agora. Se ele vem à nossa vida hoje, é porque estamos preparados para entender que "nenhum floco de neve cairá no lugar errado".










- Sempre ele, Caio Fernando Abreu
'A estrela que eu escolhi não cumpriu com o que eu pedi
E hoje não a encontrei
Pois caiu no mar, e se apagou
Se souber nadar, faça-me o favor
O milagre que esperei nunca me aconteceu
Quem sabe só você
Pra trazer o que já é meu'

[ANITELLI]

'Não chore ainda não

Que eu tenho um violão

E nós vamos cantar

Felicidade aqui...'


[Chico Buarque]
[...] Há de haver algum lugar
Um confuso casarão
Onde os sonhos serão reais
E a vida não
Por ali reinaria meu bem
Com seus risos, seus ais, sua tez
E uma cama onde à noite
Sonhasse comigo
Talvez


Um lugar deve existir
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar
Entre escadas que fogem dos pés
E relógios que rodam pra trás
Se eu pudesse encontrar meu amor
Não voltava
Jamais.


[Chico Buarque e Edu Lobo]

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

'Menina-moça, tentaram me fazer acreditar que o amor não existe e que sonhos estão fora de moda. Cavaram um buraco bem fundo e tentaram enterrar todos os meus desejos, um a um, como fizeram com os deles. Mas como menina-teimosa que sou, ainda insisto em desentortar os caminhos. Em construir castelos sem pensar nos ventos. Em buscar verdades enquanto elas tentam fugir de mim. A manter meu buquê de sorrisos no rosto, sem perder a vontade de antes. Porque aprendi com a Dona Chica, que a vida, apesar de bruta, é meio mágica. Dá sempre pra tirar um coelho da cartola. E lá vou eu, nas minhas tentativas, às vezes meio cegas, às vezes meio burras, tentar acertar os passos. Sem me preocupar se a próxima etapa será o tombo ou o vôo. Eu sei que vou. Insisto na caminhada. O que não dá é pra ficar parado. Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. É maior porque é do bem. E nisso, sim, acredito até o fim. O destino da felicidade, me foi traçado no berço. Disse um certo pai Ogum.'
‘Que eu nunca me esqueça de como voar.
Voar com as forças do bem ...
Voar com as belezas de dentro’



'Dentre dores, rumores, amores, um pouco de você. Um pouco da sua alegria, que talvez tenha restado em mim. Enquanto tomo mais um copo de chá, a chuva cai lá fora. Uma chuva fina. Ela me fez lembrar de quando cortei meu dedo com uma folha de papel. Aquele papel com aquele escrito seu. Uma dor fina e molhada, feito essa chuva de agora. A cada gole, percebo que o tempo passou sem passar. O passou, me remete a outros sentimentos. Outras pessoas. O sem passar, a você, que mesmo com o passou, tudo parecendo ter ido, onde na verdade foi adormecido. É isso. Um amigo uma vez me disse a seguinte frase: “Te acalma, existem coisas que precisam ser adormecidas para que sejam acordadas no momento certo. Se não, a vida se encarrega de apagar de vez.” – Pois é. Depois de tanto tempo a sua alma não foi apagada da minha. O silêncio de agora, me tráz sons de flautas, de bumbo que é o meu próprio coração e o sangue correndo em meu corpo. Tudo é música. Até o cheiro é música agora. Esse cheiro de nada que o tempo às vezes deixa. Mas, que contradição... Está caindo uma chuva fina lá fora e aqui dentro, ao invés de ter cheiro de chuva, não tem cheiro de nada do tempo. Acreditem... É a mais pura verdade. É o cheiro da morte do tempo. Não a morte propriamente dita. Mas o cheiro de tempo perdido por escolhas que não foram as minhas. Não por completo, se é que existe o completo dessas escolhas. Agora deixo vir o que é de vir mesmo. Fico cá com a chuva e os sons do seu infinito que também é meu. Não há diferença, só igualdade. Hoje, talvez, nem saiba quem é... Mas você sabe que eu sei. Sei da parte que sou eu e da parte que é você. Somos uma grande parte de um futuro com cheiro de nada nesse exato momento – estou me confundindo. O que quis dizer com isso foi: - me procure em você, assim, se achará novamente. Ou foi o contrário? Talvez tenha sido ... “Isso”.'


"(...) mas preciso de magia. Não consigo viver em preto e branco." (Friedrich Nietzsche)




'Bom seria se todos dos dias fossem como show do Teatro Mágico! Com entrada só para raros. Magia... Sensibilidade. Amor em forma de arte. Arte em forma de poesia.
Poesia em forma de... Tudo numa coisa só!Ah se todos os amores fossem como o de  Ana e o Mar. Se o amor fosse peculiar como o da Bailarina e o Soldado de Chumbo. Se todos fizessem meus olhos brilharem com o encanto tão doce do Cidadão de Papelão.
Da Pedra mais Alta sinto-me mais Perto de você.
TEATRO MÁGICO me leva ao retrospecto... Fazendo com que eu acredite em um beijo trazido em um Realejo.
Tem dias que Eu não sei na verdade quem eu sou, mas um Anjo Mais velho sempre Cuida de mim. Eu sou a Menina que também sonha com uma roda gigante... A menina que é encantada... Completa-mente encantada por uma trupe mágica-mente linda.
Admiro toda a poesia de um palhaço, todo canto de um sujeito simples cheio de expressividade no olhar, que vive a ecoar notas... Todos os sonhos são tão mais bonitos quando, nos Sonhos de Uma Flauta... Reticências expressam a vontade de falar algo mais... Algo que fica contido em mim.
Quero a música rara... Quero correr por entre Vaga lumes. Uma Fé Solúvel às vezes acontece em mim. Sina nossa é um poeta que Pena quando cai o pano... Quero a liberdade de sentir o Ar e de poder fazer poesia mesmo sem saber o qua a boca fala, sempre gostei mesmo do que diz o coração... Zaluzejo. Quero a alegria de um Camarada d´Água... E toda mágica de uma Trupe Para Brilhar onde Estiver. Meu prezado e admirado palhaço Bons ventos para nós para assim sempre... Soprar sobre nós! Soprano o que alumia meu cantar.'



Por, Rô



LIVRAI-ME DE TODO MAL.


AMÉM.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010


Quando entrar setembro
e a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão
onde a gente plantou juntos outra vez
Já sonhamos juntos semeando as canções no vento
Quero ver crescer nossa voz no que falta sonhar
Já choramos muito, muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar
uma nova canção que venha nos trazer
Sol de primavera abre as janelas do meu peito
a canção nós sabemos de cor
só nos resta aprender...


(BETO GUEDES)



'Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem a sensação de que sempre esteve aqui, quando eu sei que não estava. Conta por que nada do que diz sobre você me parece novidade, como se eu estivesse lá, nos lugares que relembra, quando eu sei que não estive. Conta onde nasce essa familiaridade toda com os seus olhos. Onde nasce a facilidade para ouvir a música de cada um dos seus sorrisos. Onde nasce essa compreensão das coisas que revela quando cala. Conta de onde vem a intuição da sua existência tanto tempo antes de nos encontrarmos.
Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem o sentimento de que a sua história, absolutamente nova, é como um livro que releio aos poucos e, ao longo das páginas, apenas recordo trechos que esqueci. Conta de onde vem a sensação de que nos conhecemos muito mais do que imaginamos. De que ouvimos muito além do que dizemos. De que as palavras, às vezes, são até desnecessárias.
Conta de onde vem essa vontade que parece tão antiga de que os pássaros cantem perto da sua janela quando cada manhã acorda. De onde vem essa prece que repito a cada noite, como se a fizesse desde sempre, para que todo dia seu possa dormir em paz.
Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem essa repentina admiração tão perene.  De onde vem o sentimento de que nossas almas dialogavam muito antes dos nossos olhos se tocarem. Conta por que tudo o que é precioso no seu mundo me parece que já era também no meu.  De onde vem esse bem-querer assim tão fácil, assim tão fluido, assim tão puro.
Conta de onde vem essa certeza de que, de alguma maneira, a minha vida e a sua seguirão próximas, como eu sinto que nunca deixaram de estar. Conta pra mim por que, por mais que a gente viva, o amor nos surpreende tanto toda vez que vem à tona.'


[Ana Jácomo]
'Ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio...' (Artur da Távola)